O LEGADO DE ABRIL NA HISTÓRIA DE UM PORTUGAL DEMOCRÁTICO

Vasco Lourenço e Alfredo Barroso - Num jantar que contou com mais de uma centena de pessoas, Vasco Lourenço e Alfredo Barroso partiram as suas memórias e evocaram os valores de Abril e o legado da "Revolução dos Cravos" na história de um Portugal democrático.

JOSÉ LUÍS JUDAS NO JANTAR DO CLUBE A LINHA

O Clube A Linha contou com a presença de José Luís Judas onde foi especificamente abordado o processo de concepção e execução da estratégia e do projecto que conduziu à vitória do Partido Socialista nas eleições autárquicas em Cascais, com o slogan "mudança tranquila".

VÍTOR RAMALHO NO CLUBE A LINHA

Vítor Ramalho, Presidente da Federação de Setúbal do PS, recordou a matriz genética do partido Socialista, debruçando-se especificamente sobre os desafios autárquicos com que o PS se vê confrontado no Distrito de Setúbal, apresentando a estratégia política seguida nas últimas eleições autárquicas, bem como o caminho que se está a trilhar naquele distrito.

OS DESAFIOS DO CRESCIMENTO ECONÓMICO

Vieira da Silva e Pedro Marques - Cascais acolheu José António Vieira da Silva e Pedro Marques para mais um debate promovido pelo Clube A Linha, onde os convidados partilharam com o auditório, a sua visão sobre os desafios que Portugal enfrenta em matéria de crescimento económico.

OS DESAFIOS AUTÁRQUICOS DE 2013: CONTRIBUTOS PARA A ACÇÃO POLÍTICA

José Junqueiro - Perante um auditório lotado, José Junqueiro sublinhou a importância das próximas eleições autárquicas para o Partido Socialista, onde se irão sentir pela primeira vez os efeitos da limitação de mandatos.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Artigo de Opinião: Política e Soft Power

Perdoem-me os puristas, mas são, em abstrato, muito anteriores a Joseph Nye as primeiras conceptualizações de soft power, enquanto formas de exercício do poder tão subtis quanto eficientes, ainda que de modo arcaico, aplicadas ao modelo democrático. Já a República, idealizada por Platão, dispunha de um lugar – o Conselho - onde se encontram todas as autoridades da Cidade, que se articulam aqui com mais facilidades para promover a finalidade última: o bem. Os governantes necessitam de o saber reconhecer na sua unidade e ter a consciência inequívoca que outros pretensos bens, como a liberdade, a riqueza ou a igualdade, lhe são inferiores. Daí o estudo e a prospectiva estratégica, indispensáveis para se chegar à concepção fundamental da unidade do bem e, por conseguinte, governar correctamente.

Mas deixemos a antiguidade clássica e centremo-nos no construtivismo internacional que caracteriza a Europa deste início de século XXI.

Do mesmo modo que os soft skills são exigíveis ao indivíduo para uma plena inserção social – já não bastam os conteúdos assimilados e os respectivos graus académicos (hard skills) - , também do Estado, e Portugal não é excepção, se espera que, a cada momento, os governantes revejam o seu quadro conceptual estratégico, adaptando-o às exigências da governance desejável para as sociedades abertas, no pressuposto de que nada é permanente excepto a mudança. E isto incomoda tremendamente os defensores do status quo, geralmente adeptos de políticas mais hard, do tipo “ou vai ou racha”.

Nesta perspectiva, recai sobre o nosso tempo o inadiável imperativo de avaliar e rever alguns dos fundamentos da política tradicional. Durante muito tempo, fomos influenciados pela ideia clausewitziana de que a guerra é a continuação da política por outros meios. Paradoxalmente, pode ser que tenha chegado a hora de nos darmos conta que, em determinadas circunstâncias, também a política mais não é do que uma extensão da guerra. Alguém duvida que a desregulação do preço dos combustíveis, as espirais de volatilidade dos mercados financeiros internacionais ou os novos (des)equilíbrios energéticos transferiram para a política responsabilidades anteriormente imputadas à guerra?

E, salvo melhor opinião, nestas matérias são totalmente desaconselhadas as opções estratégicas arrogantes, em favor de uma nova dimensão da acção e do discurso e da acção política, que urge conceptualizar, sob pena da qualidade da democracia se relativizar e da sociedade de confiança não ser possível.

Mas não mudam apenas a acção e o discurso político, encurta-se também o tempo político. Das duas uma: ou a decisão é just in time ou, pura e simplesmente, não existe.

Se este raciocínio estiver correcto, faz sentido perguntar que tipo de interacção estratégica pretende o mundo democrático firmar com os outros actores, no jogo das (inter)dependências, em ordem a preservar os seus interesses e de defender o seu modelo de vida? Será preferível que essa relação assente no temor que se provoca no outro (o que o tornará mais avisado e resistente) através do uso de estratégias duras, visando coagir o outro pela força, conforme Maquiavel e Clausewitz referiam?

Ou será preferível utilizar estratégias suaves, que conduzam a uma relação caracterizada preferencialmente pelo consentimento do outro, que se julgará mais protegido que coagido, praticando aquilo que Sun Tzu considerava a arte suprema da estratégia – submeter o inimigo sem o combater?

Na política, como em tudo na vida, será melhor provocar o medo, o temor, ou esbater a resistência do outro, procurando o seu consentimento e adesão?

Eurico Rodrigues
Mestre em Estratégia
Membro Fundador do Clube de Reflexão Política a Linha

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