Com o formato tipo “prós e contras” apresentou dois empresários, Rui Barbosa e Luis Catarino que supostamente são ambos do prós e um moderador conhecedor do tema, equilibrado e perfeitamente à vontade na condução do debate.
Mais uma vez a situação económica actual foi abordada e a dita crise que já circula no vocabulário dos comerciantes locais há muitos anos, foi explorada e justificada com os sempre actuais argumentos, da circulação automóvel, da mentalidade do estacionamento selvagem, dos centros comerciais e outros habituais temas.
Rui Barbosa, como presidente da AECC referiu que em 2008 cerca de 377 sócios abandonaram a Associação, tendo ficado por explicar em que circunstâncias: se por encerramento da actividade, por falência ou outra razão; no entanto considero ser apenas a ponta do iceberg uma vez que a AECC tem infelizmente uma representação parcial da totalidade dos empresários. Diria que dos cerca de um universo de 15.000 empresas a AECC representa 1700 e como tal, se extrapolarmos encerraram cerca de 3300.
A própria AECC parece atravessar um período difícil, tal como os comerciantes, e Rui Barbosa escusou-se a responder à questão levantada por Luis Catarino sobre a mudança de estratégia da Direcção nestes últimos 5 anos, no modo de representar a AECC. Rui Barbosa limitou-se a afirmar que as anteriores Direcções da AECC tinham uma estratégia “de confronto”.
Muitos de nós temos a “memória curta” e é importante relembrar que Rui Barbosa foi elemento das anteriores 2 Direcções, que o seu voto tinha exactamente o mesmo significado que o dos demais vogais e sempre se manifestou a favor da dita confrontação, votando favoravelmente conforme consta em actas. Aliás, foi até, poderíamos dizer, um elemento catalisador de posições assumidas na defesa dos empresários e foi precisamente por isso que foi encorajado a continuar naquele cargo.
Hoje passados alguns anos somos infelizmente obrigados a confirmar as acções, atitudes e avisos que então proferíamos e, como disse, que a própria Associação se encontra em situação de maior fragilidade e crise de representação.
O chamado confronto com a Gestão Autárquica não foi mais que um exigir de responsabilidades prometidas e assinadas por mão do actual presidente da CMC, em nome da coligação, onde se enumeravam os maiores problemas do comércio e que a ser levadas à pratica, os comerciantes de hoje, superavam a crise internacional com um olhar mais distante, a autarquia teria mais receitas e os desequilíbrios sociais teriam outros contornos.
A quem promete defender e representar os empresários tem a obrigação de o fazer e não apenas observar, como acontece actualmente, participando em todas as iniciativas que possibilitem o esclarecimento e motivação dos comerciantes a ultrapassarem a situação. Ainda recentemente outro movimento cívico e político organizou importante iniciativa sobre o comércio da Parede, convidou a AECC - que se escusou comparecer ou se representar - conotando agora nitidamente, qual a sua orientação político-partidária. A direcção da AECC é nitidamente PSD pela atitude do seu presidente, levando a discussão associativa para o campo partidário e queimando uma vez mais a relação que manteve com os empresários.
É obvio que os Homens que compõem a AECC têm ou não as suas militâncias partidárias, mas também têm a obrigação de ser coerentes com o seu cargo e participarem ao lado de todas as corrente ideológicas que pretendem o melhor para Cascais e para os seus empresários
Confrontação real só existiu envolvendo a direcção da associação e a gestão de Luis Judas, nos dias que a AECC (então ACCC) tudo fazia para ajudar e representar os seus associados e foi forçada a cortar o trânsito na entrada de Cascais num dia quente de Verão, também ocupando simbolicamente a CMC junto ao gabinete do presidente, perante a recusa de receber a direcção. Isso sim foi confronto, pois a demais acções foram apenas o exigir de Promessas de António Capucho por um comércio mais justo e próspero.
Quanto às soluções apresentadas, infelizmente não houve novidades, pois elas não existem na realidade, a gestão do espaço público continua a separar os estabelecimentos do consumidor; esta é a grande diferença dos centros comerciais. A actuação concertada entre autarquia e comerciantes está depositada na recente Associação Cascais.com a qual em cerca de um ano de existência ainda não se mostrou. Organizou “mais do mesmo”, alguns eventos com muitos anos de existência mas levados avante pela CMC ou AECC, instalou umas floreiras e pouco mais se sabe.
Infelizmente o futuro ainda é mais negro com a já aprovada construção do El Corte Inglês em Cascais, um mega centro comercial que vai empregar mais uma vez uns em detrimento de muitas mais empresas e munícipes, com uma oferta comercial igual aos outros shoppings ali mesmo ao lado em detrimento dos comerciantes de Carcavelos, Parede, Polima, Rana e muitos mais.
Faltou uma palavra sobre a actuação do departamento das actividades económicas da CMC, que ao invés de um papel activo na gestão do espaço publico e seu relacionamento com empresários, principalmente ao nível da atracção de valências e negócios para Cascais, continua a agir como mero departamento de cobrança de Taxas Camarárias e fiscalização com mão pesada sobre os depauperados comerciantes que quando pretendem licenciar uma actividade esperam uma eternidade ou optam por iniciarem de modo irregular
O PSD Carcavelos está no entanto de parabéns pela iniciativa, pois raramente estas oportunidades públicas surgem aos cidadãos que mesmo assim não sabem aproveitar, como se verificou pela muito escassa e desatenta assistência.
Pedro Canelas
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