Polémica. Augusto Santos Silva, quinta-feira, na 'Grande Entrevista', considerou "inaceitável" o facto de a RTP ter colocado na promoção da sua entrevista uma expressão que disse numa reunião partidária, com imagens do Parlamento. Em directo, disse esperar desculpas, que vieram no final do programa
"Malhar na direita", por Santos Silva, na promoção da RTP
José Alberto de Carvalho, director de Informação da RTP, reforçou ontem ao DN um argumento que diz utilizar muito em público: "Reivindico para a RTP o direito de errar." Isto para assumir que a estação errou ao colocar na promoção da entrevista do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, uma expressão que ele disse numa reunião partidária, mas com imagem do Parlamento.
Em directo, da Grande Entrevista, o também ministro com a responsabilidade da comunicação social considerou "inaceitável" a situação, dizendo esperar um pedido de desculpas da mesma televisão.
"Com toda a franqueza, acho excessivo a forma como a RTP fez a promoção desta entrevista, fazendo uma coisa que é inaceitável: pôr o som de uma intervenção minha numa reunião partidária e a minha imagem no Parlamento.
"Logo ali, Judite de Sousa garantiu que a montagem não foi "intencional", mas Santos Silva lembrou que os espectadores foram "induzidos" em erro, pois esse seu discurso - em que utilizava a expressão "malhar na direita" - foi feito no calor de uma reunião partidária e não no Parlamento.
"Eu cá gosto é de malhar na direita, e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam, de facto, à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheci na minha vida e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique. Refiro-me, obviamente, ao PCP e ao Bloco de Esquerda", afirmou Santos Silva, que se referiu às questões internas do partido como "minudências", noticia a Lusa.
"Ainda não me pediram desculpas, mas eu estou certo de que não sairei daqui sem que me peçam desculpas", insistiu Santos Silva.
E essas desculpas vieram no fim do programa. José Alberto de Carvalho confirmou ao DN que a situação ficou resolvida, depois de ter explicado a Santos Silva como decorreu o processo de produção da autopromoção da Grande Entrevista e o facto de escolher aquela "frase forte, que percorreu todos os círculos políticos", rejeitando a "intenção de manipulação grosseira".
O problema partiu, segundo José Alberto de Carvalho, que acompanhou o processo à distância, do facto de a RTP "ter apenas o som de uma circunstância sem a sua imagem". Isso colocou um problema, que acabou por ser resolvido pela imagem do ministro do Parlamento.
"Nos primeiros segundos, quando vi a autopromoção, interroguei- -me se estaria bem, mas como a linguagem corporal do ministro, ainda que no Parlamento, coincidia grosso modo com o tom da declaração do áudio, não meditei mais editorialmente nisso." Agora, "acho que devia ter sido feito de outra forma para evitar esta confusão", explicou o director de Informação da RTP, reforçando: "A percepção que existe é que a RTP não pode errar e quando o faz é de forma premeditada e com intenção implícita. Não é verdade, reclamo o direito de errar."
Ao DN, o ministro Santos Silva reafirmou que gostava de sair da Grande Entrevista com um pedido de desculpas - "não exigi, é mais estou em crer que...", concluindo que o assunto está encerrado, não voltando mais a pensar nisso.
"Ninguém gosta de críticas, mas é de assinalar que estas críticas tenham sido feitas na RTP, em público", destaca José Alberto de Carvalho, revelando ainda que "esta é a segunda crítica deste ministro no espaço de três semanas - a outra foi numa entrevista à RTPN a propósito da divulgação pela RTP da carta rogatória no caso Freeport".
Paula Brito
In Diário de Notícias, 21.02.09
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