Este ano, como é já por demais sabido, temos três actos eleitorais para os quais a previsão da abstenção eleitoral é extremamente preocupante. E, se para nada mais servisse esta frase, que a mim me soou demasiado frívola, que servisse ao menos para, depois de ela ter sido lançada às profundas malhas de ondas hertzianas, assustar alguns portugueses mais incautos e força-los a preocuparem-se com o país para além da sua rua.
Mas não, aquela não me pareceu mesmo uma frase consequente. Até porque naquele discurso se confundiam políticos com juízes e legisladores com advogados. Mas isso seria o menos grave, se ao menos se tivesse a noção do significado do termo, que é definidor basilar do nosso regime – Estado de Direito Democrático – a Democracia.
A participação popular num regime democrático não se pode confinar ao dia das eleições. Quando se fala em cidadania, em maior participação popular, no reforço da influência de pequenos ou grandes grupos, representantes dos cidadãos, não o podemos fazer de ânimo leve. Votar é um momento que delineia um rumo para os anos seguintes, pelo que nenhum cidadão pode pensar que a sua intervenção cívica se faz de quatro em quatro anos, quando vota. Todos Nós, cidadãos, somos agentes activos da Democracia, e se este não é o melhor dos sistemas, cabe-nos a Nós, cidadãos, influenciar, propor, mostrar novos cenários.
Por tudo isto, eu considero que aquele aviso não passou de uma frase de café, vinda de alguém que, por força de mais de quarenta anos de ditadura, se desabituou de opinar, de agir, de decidir sobre si mesmo. E porquê? Porque houve sempre alguém que o ilibou das suas próprias responsabilidades.
Cuidado, Portugueses, com a Democracia que vos escapa entre os dedos! Agarrem-na e dêem-lhe uso.
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