A par com o Estado, as autarquias, empresas, associações e os próprios cidadãos, assumem um papel fundamental na afirmação da importância do turismo enquanto meio gerador de riqueza.
Neste sentido, e de modo a aprofundar a discussão em torno do turismo na Costa do Estoril, o Clube de Reflexão Política A Linha realizou no passado dia 5 de Maio, no Auditório da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, um debate subordinado ao tema “O Turismo no Século XXI: Uma Estratégia Sustentável para a Costa do Estoril”, que contou com a presença do Dr. Bernardo Trindade, Secretário de Estado Turismo e do Dr. Francisco Banha, Presidente do Business Angels Club e Vice-Presidente do Fórum para a Competitividade.
Fazendo uma introdução ao tema do debate, Pedro Canelas, o moderador do debate, destacou o papel de grande relevância que o sector dos serviços, nomeadamente a hotelaria e a restauração, assumem numa região em que não há agricultura e em que o sector industrial é praticamente inexistente, assim se revestindo o turismo, no Concelho de Cascais, de uma dimensão prioritária e estratégica.
O Secretário de Estado do Turismo, Dr. Bernando Trindade, começou por referir as condições únicas e o enorme potencial futuro do nosso país, na área do turismo, motivo do empenho do actual Governo, no estabelecimento de parcerias com os investidores privados, sobretudo num momento económico difícil como é aquele que presentemente vivemos.
Neste sentido, sublinhou como reformas recentes do Governo neste domínio, o novo paradigma da exploração hoteleira, estabelecido pela nova Lei dos Empreendimentos Turísticos, que teve em vista os resorts, onde coabitam unidades hoteleiras, campos de golf e turismo residencial, procurando garantir uma continuidade na qualidade da exploraçao da oferta turística, em especial ao nível do turismo residencial. Referiu ainda o Secretário de Estado do Turismo, a reforma das regiões de turismo, algo que o sector e a sociedade portuguesa reivindicavam há mais de três décadas, processo que até ao presente não progredia, por estar dependente de um delicado equilíbrio de forças entre os dois maiores partidos. Assim, esta reforma, que o actual Governo logrou concluir, veio permitir reorganizar o universo do país, que basicamente continha mais de trinta entidades, entre regiões de turismo, juntas de turismo e zonas de turismo e que apesar disso não conseguiam cobrir a totalidade do território nacional.
A presente reforma garantiu que uma das novas entidades regionais de turismo cobrisse todo o país e criou cinco entidades regionais que coincidem com as NUTS II, as quais estão já em funcionamento e a contratualizar com o Turismo de Portugal as suas actividades, por forma a apoiar o turismo no actual contexto e a cumprir os objectivos do Governo para este sector.
Bernando Trindade fez ainda ainda uma especial referência à extinção da Junta de Turismo da Costa do Estoril, a qual motivou fortes críticas por parte do actual Presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, tendo o Secretário de Estado do Turismo garantido, em resposta a essa ideia veiculada por alguns sectores ligados à vida política local, que a mesma não teve qualquer impacto no seu quadro de financiamento, estando a serem cumpridos todos os objectivos que a Junta de Turismo tinha e nalguns casos, até, com vantagem acrescida.
Por fim, e enquandrando a actual crise internacional e o impacto que teve sobre o nosso turismo no último trimestre de 2008, após 4 anos de recordes turísticos sucessivos, o Secretário de Estado fez menção do reforço significativo, por parte do Governo, do investimento em promoção turística, externa e interna, procurando, para tal, estabelecer parcerias com o sector privado, designadamente, as companhias aéreas e a A.N.A., promovendo a criação de novas rotas aéreas para Portugal (iniciativa.pt), bem como a abertura de um conjunto de linhas de crédito bonificado e com assunção de 50% do risco de crédito por parte do Estado para os investidores do sector, recuperando e reforçando instrumentos que estavam adormecidos, como a Capital de Risco e o Fundo de Investimento Imobiliário. Segundo ele, estas medidas pretendem constituir uma resposta à actual conjuntura internacional e dirigem-se a que esta actividade económica continue a marcar passos decisivos na nossa estratégia de desenvolvimento global.
Por seu turno, salientando a importância da estratégia na aplicação dos recursos, quer ao nível político, quer empresarial, o dr. Francisco Banha, do clube Business Angels, apontou como tópicos orientadores, o trabalho em conjunto, o empreendedorismo, o apoio à inovação e a criatividade.
Como elemento estratégico importante para o turismo nacional, o orador destacou a criação pelo Governo de um Plano Estratégico Nacional para o Turismo, abrangendo o período 2006/2015, documento que define prioridades entre os produtos a oferecer e linhas orientadoras para cada uma das regiões, chamando ainda a atenção dos presentes para a existência de um Plano Estratégico para a linha de Cascais, que cruza com as orientações do Governo, nomeadamente nas questões do turismo, ambiente, saúde e energia.
Focando o papel fundamental do empresário no aparecimento dos recursos turísticos (pois é ele quem dá vida ao potencial turístico de uma região e é por ele que passa a criação das oportunidades) o orador chamou a atenção para a importância que o actual acesso facilitado à informação oferece, de forma a que os agentes económicos possam afirmar os seus projectos. Conhecimento (incluindo o aspecto relacional) e atitude perante a vida (criatividade), constituem para ele os dois requisitos fundamentais a quem pretenda apresentar-se como empreendedor, tendo ilustrado esta estatuição com diversos casos de sucesso empresarial da actualidade e procurando através deles salientar exemplos da capacidade para identificar oportunidades e acrescentar valor nos mercados, quer no plano global, quer nacional. Apesar de reconhecer o esforço que tem sido feito por parte das autoridades, não deixou de chamar a atenção para a necessidade de um maior apoio na fase embrionária dos projectos, por forma a dotar os investidores do capital de risco necessário, como factor crítico para o desenvolvimento do país, referindo-se em especial ao sector turístico. Neste sentido, invocou a importante contribuição com que capitalistas de risco privados, como os Business Angels, têm ajudado a impulsionar projectos inovadores.
Por fim, foi aberto o debate ao público, que contribuiu para o melhor esclarecimento pelos oradores convidados, de algumas questões suscitadas.
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