
A perspectiva de vitória nas legislativas levou a líder do PSD a formar listas de deputados pouco inclusivas, ao estilo do “se não podes com eles afasta-os”. Não terá sido avisada, a Dr.ª Ferreira Leite, de que a não inclusão de determinados nomes na sua lista, no caso de derrota do PSD, como se veio a confirmar, levantariam uma onda de impacto que dificilmente permitiria que as diferentes facções do PSD se unissem em torno de um projecto comum.
Ferreira Leite não é uma mulher de consensos e por isso desprezou a força dos não-barões do PSD. Importa pois perceber a verdadeira força que esses barões ainda detém no aparelho do partido quando comparada com a vontade de mudança interna.
Marcelo não avança por não haver um consenso entre os seus comparsas. Mas outros também não avançam porque não sabem se Marcelo avança. Ninguém apoia ninguém com receio de estar a apoiar aqueles a quem depois se irá juntar.

E é aqui que entra o Dilema do Prisioneiro. Uns não apoiam os outros para não limitarem a sua própria oportunidade de surgir como solução autónoma. Mas também não se unem porque têm a consciência das limitações e fricções dessa união. E também não desistem porque aí estariam a liquidar por completo a sua oportunidade.
É neste ponto que se encontra o maior partido da oposição. Num dilema há muito explicado pela ciência económica. Estranho é que Ferreira Leite, uma mulher de finanças, ainda não tenha conseguido tirar as necessárias ilações deste dilema gerador de uma hilariante balbúrdia em que anda o seu partido.
Em contrapartida tenta tirar vantagens a partir do aproveitamento político de questões e decisões da justiça, quebrando uma regra constitucional da separação dos poderes entre órgãos soberanos.
De facto, o PSD já percebeu que o seu verdadeiro dilema é terem uma líder prisioneira num túnel em que nenhuma saída será honrosa. Ferreira Leite já percebeu que não só não faz parte da solução como não lhe abriu caminho.
Lamentavelmente o país está numa situação em que cada partido da oposição se tenta posicionar no sentido de tirar o maior número possível de vantagens independentemente da pertinência dessas vantagens para o futuro do país. Noutro campeonato, o PSD, em verdadeira guerra entre barões e plebeus, recorre a estratégias lamentáveis para tentar mostrar aos portugueses que continua a existir, ainda que em estado de desagregação interna.
E o Governo? Esse, apesar dos dilemas da oposição continua o seu desígnio, aquele para que foi mandatado. Avançar Portugal.
Rui Alexandre
Polítólogo
1 comentário:
Grande Rui;
Embora reconheça que foi apresentado a sufrágio o refugo mais brilhante que havia na prateleira, preocupa-me bastante o estado actual não da política - mas antes dos políticos.
Talvez seja melhor mesmo utilizar a expressão do povo, preocupa-me os politiqueiros.
Aqueles que não acreditam na ciência política, mas num conjunto desorganizado de larachas e "bitates".
De facto o nosso Portugal esta pejado de gente com este ideal, sobressair-se fazendo a carreira ao invés da entrega a uma missão comunitária.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...sem dúvida que o espírito de liberdade em Abril fala agora mais alto e complementa-se com liberdade económica...é o Neo-capitalismo selvagem a surgir, resta saber como regra-lo e coloca-lo ao serviço do povo.
Com amizade
Pedro Henrique Aparício
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