“O Legado de Abril na história de um Portugal Democrático” foi o tema lançado para a discussão aos nossos dois últimos convidados.
Abril é um mês de celebração para os portugueses e, em especial, para a esquerda democrática portuguesa, desde logo com a fundação do PS, em 19 de Abril de 1973, e por isso, o jantar deste mês teria que ter, forçosamente, dois homens grandes da conquista da democracia e da liberdade.
Vasco Lourenço e Alfredo Barroso brindaram-nos com as suas memórias daqueles dias quentes da Revolução, num jantar que contou com a presença de cerca de uma centena de pessoas.
Alfredo Barroso recordou a criação da Acção Socialista Portuguesa em 1964, e da importância do Partido Socialista no pré-25 de Abril e, depois, nas negociações com os restantes partidos para a formação dos Governos Provisórios. Salientou o papel de Mário Soares na legitimação da Revolução e dos Governos que lhe seguiram junto dos seus contactos na Internacional Socialista. A legitimação da recente democracia teve um papel preponderante nos anos seguintes, tal como se pode verificar com a entrada de Portugal na então CEE, apenas 12 anos após a Revolução e 10 após a estabilização consagrada com a entrada em vigor da Constituição Democrática de Abril de 1976.
Por seu turno, o General Vasco Lourenço, falou-nos do papel dos militares na conquista da Democracia e do seu desconhecimento do quadro político Nacional, afinal eram militares e lutavam por um misto de razões corporativas e altruístas. Brindou-nos com a memória de alguns episódios deste período, desde logo a unicidade sindical, o caso República, entre muitos outros. Vasco Lourenço, falou da relação que se estabeleceu entre o MFA e o Partido Socialista, sublinhando o seu papel para a consolidação da democracia em Portugal, bem como as dúvidas e hesitações do PPD de Sá Carneiro, apontando fortes críticas na conduta deste líder político que a história parece querer apagar.
Tratando-se de um jantar da memória de Abril, foi com enorme honra que a Linha contou com a presença no jantar de Abril do fundador do PS José Neves, do Secretário-Geral da UGT, Eng. João Proença, do Camarada Edmundo Pedro, do Camarada Miguel Judas (membro do Conselho da Revolução) e do Camarada Carlos Carranca (poeta e homem da cultura).
No final os convidados sublinharam a importância de preservar os valores de Abril, reconhecendo a grave situação em que Portugal se encontra, e que segundo Alfredo Barroso, “quando sairmos das mãos do FMI não teremos à espera os fundos comunitários que foram a alegria do cavaquismo”.
À intervenção dos convidados seguiu-se um momento musical a cargo de Rogério Charraz , um grande músico, intérprete e compositor, ou como ele prefere ser chamado um grande “cantautor”.
O Clube de Reflexão Política A Linha procurou assim prestar a sua homenagem aos homens e mulheres que lutaram para que Portugal seja hoje um país livre e democrático. A todos eles prestamos a nossa homenagem, desde logo não deixando que se apague a memória de Abril.
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