As coisas são o que são
Quem segue a vida política é constantemente bombardeado com frases feitas, Do género "são os números e nos números nós confiamos", "Tenho a consciência tranquila” (esta frase pertence mais ao mundo da justiça do que da política). Há uma serie de "verdades" que levam o cidadão comum a acreditar nas palavras ditas quando elas mais não são do que "jogos de palavras" para nos distraírem do essencial e nos levarem a acreditar exactamente no oposto do que é a realidade por detrás. São vários os exemplos que temos na vida política nacional e Internacional em que por exemplo pegam em alguns números, esquecendo outros para nos tentarem convencer de algo que existe no mundo da fantasias, que muitos de nós desejaríamos mas que na verdade camuflam uma realidade completamente diferente.
Um dos exemplos que mais me salta á cabeça foi o governo Italiano (quem melhor do que Berlusconi para fazer uma coisa destas) ao tentar convencer Bruxelas de que o Exército era uma empresa privada e como tal não deveria constar das contas publicas e assim teriam um défice que cumpria os critérios de Bruxelas. Um verdadeiro caso de com a verdade me enganas… (e agora sou eu que recorro a uma frase feita). Mas infelizmente a lista é enorme, a dos casos em que utilizam números deturpados ou trabalhados para nos convencerem do oposto da realidade. Como dizia um dia destes um amigo meu. "Aquilo já não é Engenharia Financeira, Aquilo é Arquitectura Financeira!!!".
Algo de semelhante, com as devidas diferenças, é quando existe uma regra ( e como diz uma outra frase feita "Não há regra sem excepção" ) e alguém decide pegar na excepção a essa regra para destruir a regra. Agora de repente e já que estamos a falar das contas publicas a regra da Alemanha ter sempre os défices públicos controlados, com a excepção que foi na altura da reunificação Alemã. Esta excepção tem, sido utilizada por países com um perfeito e crónico descontrolo das contas públicas para o justificar. A reunificação da Alemanha (coisa que eu saiba aconteceu uma vez na vida) tem sido utilizada para justificar descontrolos "causados" por umas chuvas em Outubro que causaram umas inundações (Algo que eu penso que acontece todos os anos).
Para quem é de esquerda como eu, é muito doloroso ver os ideais a serem destruídos. Refugiando-se em argumentos que fazem parte dos nossos ideais e a destruírem-nos com politicas menores. Acredito que á direita acontecem coisas semelhantes mas o facto de acontecerem á direita é uma das razões pelas quais eu sou da esquerda e com o mal dos outros posso eu bem. Quantos de nos que defendemos que certos serviços devem, ser prestados pelo Estado (por serem em monopólio ou por só assim garantirem a mesma base de direitos a todos os cidadãos) deveriam ser unicamente prestados por empresas publicas sempre na perspectiva do melhor serviço e de excelência pelas pessoas mais capazes do mercado. Somos obrigados a admitir que é melhor serem atribuídos a privados pois a voraz clientela politica de políticos menores põe essas empresas a servirem o seus interesses pessoais em vez de servirem os cidadão.
É por isso que infelizmente hoje em dia mais do que a ideologia de um candidato politico temos que avaliar o carácter do cidadão. Digo infelizmente porque os processos naturais de selecção deveriam nos garantir que na vida política só teríamos pessoas impolutas e o orgulho de uma nação.
Deixo-vos por isso com as duas frases feitas que eu mais utilizo:
"As coisas são o que são" (e não o que nos querem fazer crer que são) e "Não é porque alguém diz algo que esse algo é verdade" Se não eu limitava-me a dizer “Somos todos Bonitos Ricos e Saudáveis”…
Por Vitor Brás
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