O LEGADO DE ABRIL NA HISTÓRIA DE UM PORTUGAL DEMOCRÁTICO

Vasco Lourenço e Alfredo Barroso - Num jantar que contou com mais de uma centena de pessoas, Vasco Lourenço e Alfredo Barroso partiram as suas memórias e evocaram os valores de Abril e o legado da "Revolução dos Cravos" na história de um Portugal democrático.

JOSÉ LUÍS JUDAS NO JANTAR DO CLUBE A LINHA

O Clube A Linha contou com a presença de José Luís Judas onde foi especificamente abordado o processo de concepção e execução da estratégia e do projecto que conduziu à vitória do Partido Socialista nas eleições autárquicas em Cascais, com o slogan "mudança tranquila".

VÍTOR RAMALHO NO CLUBE A LINHA

Vítor Ramalho, Presidente da Federação de Setúbal do PS, recordou a matriz genética do partido Socialista, debruçando-se especificamente sobre os desafios autárquicos com que o PS se vê confrontado no Distrito de Setúbal, apresentando a estratégia política seguida nas últimas eleições autárquicas, bem como o caminho que se está a trilhar naquele distrito.

OS DESAFIOS DO CRESCIMENTO ECONÓMICO

Vieira da Silva e Pedro Marques - Cascais acolheu José António Vieira da Silva e Pedro Marques para mais um debate promovido pelo Clube A Linha, onde os convidados partilharam com o auditório, a sua visão sobre os desafios que Portugal enfrenta em matéria de crescimento económico.

OS DESAFIOS AUTÁRQUICOS DE 2013: CONTRIBUTOS PARA A ACÇÃO POLÍTICA

José Junqueiro - Perante um auditório lotado, José Junqueiro sublinhou a importância das próximas eleições autárquicas para o Partido Socialista, onde se irão sentir pela primeira vez os efeitos da limitação de mandatos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Varanda do Chiado: Inaugurações Exemplares (por Mário Ramires)

Ainda sobre as eleições na Madeira deixamos este artigo de opinião de Mário Ramires.

"No próximo domingo, os madeirenses vão reeleger Alberto João Jardim presidente do Governo regional do arquipélago. E, uma vez mais, com maioria absoluta.

Não espanta.

Os madeirenses continuam fieis ao homem que transformou a Madeira de região paupérrima, onde famílias inteiras viviam em furnas ou grutas encostas abaixo, numa das que maior crescimento registou nas três últimas décadas e é actualmente das mais desenvolvidas de todo o território nacional. E sobretudo porque, com Jardim, não foram eles, os madeirenses, quem, até agora, teve de pagar a respectiva factura.

Jardim fez obra na ilha – tanta que se perdeu a conta às placas com o nome do presidente do Governo Regional – e não tem, nunca teve, oposição à altura.

Porque a verdade é que não é fácil ser oposição a Jardim na Madeira. E ninguém ousa pôr em causa a dimensão da obra, não pelos buracos financeiros que já eram conhecidos aos que ficaram só agora a conhecer-se e dos mais que eventualmente ainda estejam por apurar, mas pelas outras consequências negativas – que também as houve – para a região e respectiva população.

Nesta semana, na recta final da campanha para as eleições de domingo, há dois exemplos paradigmáticos. De mais duas inaugurações de Jardim.

A primeira, mais um túnel (de quase dois quilómetros).

A dimensão da obra de Jardim, além do agravamento exponencial da dívida, tem sido quase sempre apenas criticada pelo impacto na paisagem natural da ilha. Mas a Madeira continua com a beleza ímpar do Curral das Freiras, da floresta de Laurissilva, do Pico Ruivo ou do Pico do Areeiro, das levadas e escarpas, das casas de Santana, de todo o Porto Moniz ou do centro histórico do Funchal...

A questão é outra: o seu verdadeiro impacto ambiental.

As enxurradas acontecem. Mas as suas consequências são tão mais terríveis quanto a intervenção do homem na natureza a torna mais vulnerável.

E a verdade é que os túneis, e não só, mexem com as entranhas de uma ilha cada vez mais oca, alteram os seus lençóis freáticos e o escoamento das águas.

Quando as enxurradas devastaram a Madeira, há dois anos, a comunidade nacional e internacional mobilizou-se e solidarizou-se. Como devia.

Mas, anos passados, o que se viu é que mesmo o dinheiro angariado para a reconstrução das zonas mais abaladas foram empregues noutras obras... que mais ainda vulnerabilizam a ilha.
O segundo exemplo paradigmático foi a inauguração da sede regional do sindicato dos professores.

Jardim não contou nesta campanha com a presença e o apoio de nenhum dos principais dirigentes nacionais do PSD.

Mas quem de direita consegue ter a seu lado em plena campanha eleitoral dirigentes sindicais de esquerda – como Mário Nogueira –, bem pode dispensar os dirigentes nacionais do PSD, sobretudo quando estão no poder e em tempo de vacas anorécticas.

Mário Nogueira, líder da Fenprof, sindicato dos professores filiado na CGTP, bem pode dizer que não foi à Madeira fazer campanha eleitoral pelo PSD regional de Jardim.

Não interessa. A imagem do coordenador da Fenprof a receber das mãos do líder madeirense as chaves da nova e vistosa sede regional do sindicato dos professores é o que importa a Jardim. Nogueira, por mais que ainda possa vir dizer para os media, não apagará o ar de satisfação e de reconhecimento do momento em que entrou nas novas instalações entregues por Jardim. Apesar de bem saber que a obra é mais uma daquelas feitas com dinheiro que a região e o país não têm e cujo preço a pagar por ela é, por isso, muito mais elevado do que o custo da sua edificação.

É por exemplos como este de Mário Nogueira no Funchal que o que espanta é que ainda haja quem se espante com as maiorias absolutas de Jardim.

O eleitorado madeirense vota tão naturalmente em Jardim como o eleitorado do concelho com mais licenciados no país continua a eleger presidente da Câmara alguém acusado, pronunciado, julgado e condenado nos tribunais e que se refugia em recursos atrás de recursos para evitar o cumprimento da pena.

Um estudo divulgado em 2010 pela Marktest – o Atlas Social – revela que o concelho com mais licenciados em todo o país é Oeiras, onde Isaltino Morais foi sempre reeleito, mesmo concorrendo contra uma candidatura do seu partido de sempre.

Isaltino ganhou porque tem obra feita e apostou no desenvolvimento económico da autarquia, ultrapassando a vizinha e elitista Cascais no PIB per capita.

O eleitorado da Madeira, o tal que se rende a Jardim, não o faz porque é mais iletrado ou destituído de cultura democrática.

É absolutamente igual a todos os outros eleitorados, movidos por um critério individualista e interesseiro.

O interesse público, a causa pública, a ética republicana contam pouco.

Esses, valem para os discursos do 5 de Outubro, cujo significado cada vez mais se reduz a mero feriado nacional. Que é disso que o povo gosta."
in: Sol

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