Há já mais de uma década que as «novas tecnologias da informação e comunicação» fazem parte das nossas vidas diárias, com a generalização da Internet, dos telemóveis, das soluções informáticas para quase tudo, incluindo vida doméstica. Continuam, no entanto, a ser «novas», tal como os PC’s e Mac’s, ainda mais antigos, continuam a revestir-se ciclicamente de uma aura de novidade para efeitos comerciais.
Mas que novidades existem na comunicação quando evolui dos sites para os blogs, destes para os V-logs («V» de vídeo) e, agora, para os twitters que tanto entretêm os nossos deputados durante debates? Invariavelmente, é de um empobrecimento, de uma literal redução do pensamento que se trata sempre, potenciando assim o continuo discurso sobre a degradação da cultura, do pensamento, da língua, etc., que todas as sociedades conhecem e que, em Portugal, é antiquíssimo. A proliferação de informação que não interessa a ninguém (dito de outro modo, de comunicação socialmente irrelevante), a respeito de celebridades ou de «cidadãos vulgares», aliás, também não é exactamente nova e desde o século XIX que muitos autores a acompanham e a caracterizam como uma parte inalienável das sociedades democráticas modernas. Mas, de ser «inalienável» até se tornar uma espécie de alienação garantida, vai um passo. E esse passo não é tecnológico nem económico, mas sim político – na acepção mais ampla (social) do termo.
Como tantas vezes sucede, as novidades chegam-nos dos EUA. Lá como cá, também se twitta durante debates sobre o estado da nação. Mais importante ainda: cada vez mais a política profissional se serve do «caso americano» para desenvolver soluções de comunicação e informação de matriz tecnológicas. Recentemente, vemos a procura do PSD para ter o seu Obama, o recurso do PCP a um slogan «obâmico» e a personalização em José Sócrates do PS, associada à organização de congressos e outras actividades públicas segundo o modelo encenado para TV típico dos EUA. Atendendo à diferença de escala, de composição social, de acesso e hábitos de uso da Internet, à própria organização das máquinas partidárias e aos modos de financiamento, e decerto a mais factores ainda, as adaptações a fazer, para justificar o investimento nesse modelo e obter «retorno», terão de ser muitas. Embora o entusiasmo com que tantos aderem a tudo o que é tecnológico (sucedendo ao entusiasmo com a ciência, com a qual a tecnologia é hoje confundida…) me pareça ser até um entrave a todo o processo de integração destas práticas e instrumentos ao nosso país.
Será esse debate (espero), além de outros, que, no próximo dia 2 de Abril, A Linha irá desenvolver.
Carlos LeoneMembro do Clube de Reflexão Política A LinhaMembro do Clube do Chiado
4 comentários:
Não é só o oceano que nos une.
Um abraço
por coincidência escrevi um post sobre esta temática esta semana:
http://paisrelativo.net/politicas/activacao-da-cidadania-atraves-dos-media/
Vale a pena ler o documento linkado no post:
«Exploring Democracy through the Relationship between News Media, Technology and Youth Engagement»
Caro JJJ, obrigado plas suas simpáticas palavras-
Cara Mariana T Pereira, não pode ser só coincidência! Esperamos encontrá-la amanhã, cumprimentos.
Os meus parabens pela iniciativa certo do seu exito, lamentávelmente não posso estar presente devido a doença prolongada, e que me mantem enclausurado, o somente as TIc, aqui me permitem a liberdade de actuar e de apesar de não estar presente, poder se assim o entender transmitir a minha opinião seja ela merecedora ou não de qualquer reparo.Mais uma vez os meus Parabéns, melhores dias nos esperam. Marco António da Raquel
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