Em primeiro lugar, perder o foco da campanha é fatal; Vital quis combater a abstenção e, quando desistiu disso, a abstenção desfez o resultado que se anunciava nas sondagens.
Em segundo lugar, confirma-se que adoptar os termos dos adversários é dar-lhes armas. Ao cair nas infinitas discussões internas, a campanha europeia do PS tornou-se igual às outras, um erro que favoreceu os adversários (e como teria sido diferente se em cada dia da campanha o PS tivesse avançado com um tema europeu...bem treinado, teria feito pela positiva um discurso político próprio e eficiente, mesmo se com as inevitáveis tensões ocasionais como a dos impostos ou a do apoio a Durão Barroso).
Em terceiro lugar, confirma-se o que certos pregadores no deserto já dizem há anos: não faz mal apostar em meios de comunicação e marketing de ponta, mas fazer deles o alfa e o ómega da acção política, reproduzindo (como se isso fosse possível) estratégias de outros, não chega. Em tempo de crise, o eleitorado quer soluções políticas. Disto depende tudo o resto: só com uma identidade ideológica consistente (incluindo simbologia não publicitária, como foi defendido aqui há já mais tempo) se conseguirá um discurso político próprio e a mobilização de todos aqueles que, optando pela abstenção, comprometem a governabilidade.
E, neste momento, parece que já nem é só a abstenção. A confirmar-se a notícia que os votos brancos bastariam para eleger um deputado, ela indica bem o quanto é necessário um trabalho de mobilização, mais do que de desvio de votos dos outros partidos.
Carlos Leone
3 comentários:
Este post foi citado (e talvez plagiado) no Publico de hoje, camaradas, mas a notícia não inclui a fonte. Ao contrário do que sucede com outros blogs referidos no texto. Uma óbvia discriminação! Quem escreve ao Provedor? Ainda por cima apresentam a citação como se se estivesse aqui a fazer oposição interna, o que nem é o caso. QUem redige o vivo voto de repúdio? Saudações socialistas!
Caro Carlos Leone,
Permite-me discordar e apresentar os meus pontos de vista, tão legitimos como o de qualquer outro.
Em primeiro lugar, avaliar o cabeça-de-lista e o resto dos candidatos. Vital Moreira que eu apoiei, sejamos francos não tem jeito para a política. Não ponho em causa a sua capacidade intelectual, o seu conhecimento e sabedoria política, nem a sua convicção europeísta, o que ponho em causa a sua capacidade de liderança, de porta-voz e imagem. De facto, a sua mensagem não chegava às pessoas, isto na minha opinião. Em Portugal, as pessoas precisam, por mais que critiquem, de um lider elucidativo, claro, seguro, que seja a "voz do povo" e que saiba falar com o povo. Vital é o oposto de Paulo Rangel para que todos percebam.
Em segundo lugar, fazer referência à estratégia utilizada pelos partidos da oposição. Todos eles fizeram destas eleições europeias um quadro de avaliação ao governo e às suas políticas. Nunca falaram da Europa porque não lhes dava jeito explicar às pessoas o que é o Parlamento Europeu, o que é a maioria do PPE. E o Partido Socialista também falhou neste ponto. A Europa precisava de mais socialismo democrático ou social - democracia e, em vez de ganhar, acabou por perder. As pessoas que procuraram punir este governo através de um voto de protesto nestas eleições, acabaram por apoiar aqueles que deram origem à crise. Mas a maioria das pessoas não sabiam disto.
Em último lugar, dizer que é preciso maior seriedade e rigor na escolha de qualquer lista representativa do partido.
Acredito que vamos vencer as eleições legislativas, a paritr do momento em que sejamos capazes de reconhecer as falhas, os erros e tenhamos mais vontade de trabalhar e de estar junto das pessoas.
http://direito-de-antena.blogspot.com
Caro Fábio
Só não percebo o motivo que o levou a começar o seu comentário dizendo que vai discordar do que escrevi. Quanto ao resto, com uma outra outra variação de pormenor, encaixa bem no que escrevi no meu post e noutros, parece-me.
Escreva sempre, vou agora ver o sue blog.
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