O LEGADO DE ABRIL NA HISTÓRIA DE UM PORTUGAL DEMOCRÁTICO

Vasco Lourenço e Alfredo Barroso - Num jantar que contou com mais de uma centena de pessoas, Vasco Lourenço e Alfredo Barroso partiram as suas memórias e evocaram os valores de Abril e o legado da "Revolução dos Cravos" na história de um Portugal democrático.

JOSÉ LUÍS JUDAS NO JANTAR DO CLUBE A LINHA

O Clube A Linha contou com a presença de José Luís Judas onde foi especificamente abordado o processo de concepção e execução da estratégia e do projecto que conduziu à vitória do Partido Socialista nas eleições autárquicas em Cascais, com o slogan "mudança tranquila".

VÍTOR RAMALHO NO CLUBE A LINHA

Vítor Ramalho, Presidente da Federação de Setúbal do PS, recordou a matriz genética do partido Socialista, debruçando-se especificamente sobre os desafios autárquicos com que o PS se vê confrontado no Distrito de Setúbal, apresentando a estratégia política seguida nas últimas eleições autárquicas, bem como o caminho que se está a trilhar naquele distrito.

OS DESAFIOS DO CRESCIMENTO ECONÓMICO

Vieira da Silva e Pedro Marques - Cascais acolheu José António Vieira da Silva e Pedro Marques para mais um debate promovido pelo Clube A Linha, onde os convidados partilharam com o auditório, a sua visão sobre os desafios que Portugal enfrenta em matéria de crescimento económico.

OS DESAFIOS AUTÁRQUICOS DE 2013: CONTRIBUTOS PARA A ACÇÃO POLÍTICA

José Junqueiro - Perante um auditório lotado, José Junqueiro sublinhou a importância das próximas eleições autárquicas para o Partido Socialista, onde se irão sentir pela primeira vez os efeitos da limitação de mandatos.

sábado, 5 de junho de 2010

Joseph Siglitz é um economista norte-americano, galardoado com o Prémio Nobel em 2001, que se tem empenhado na crítica às correntes neo-liberais preponderantes nas últimas décadas e que tem denunciado vigorosamente o papel mundialmente pernicioso do Fundo Monetário Internacional mas também do Banco Mundial e da Reserva Federal norte-americana.
Escreveu em Abril de 2000 :
    "Dizem que o Fundo Monetário Internacional (FMI) é arrogante. Dizem que o FMI não ouve os países em desenvolvimento que é pressuposto ajudar. Dizem que o FMI é secretista e alheado da avaliação democrática. Dizem que os 'remédios' do FMI em geral tornam as coisas piores - convertendo o crescimento lento numa recessão e as recessões em depressões. E todos têm razão. Eu fui economista chefe do Banco Mundial desde 1996 até Novembro passado, durante a mais grave crise económica global em meio século, eu vi como o FMI, em conluiu com o Departamento do Tesouro norte-americano, respondeu. E eu fiquei horrorizado."
Não se trata de um defensor do socialismo ou mesmo de um cidadão assumidamente de esquerda mas antes um professor de várias Universidades, considerado um neo-keynesianista, que entre 1995 e 1997 foi presidente do conselho de assessores económicos de Bill Clinton, entre 1996 e 2000 foi Vice-presidente e economista chefe do Banco Mundial e que em 2008 foi convidado pelo presidente francês Sarkozy para liderar uma equipa de conselheiros com vista à definição de novos indicadores de desenvolvimento.
É habitualmente identificado com a corrente dos teóricos do 'pós-consenso de Washington'. É-lhe, entretanto, reconhecida a hombridade e lucidez nas posições que tem vindo a defender tendo sido um dos que previu a crise financeira de 2008, que tem denunciado o papel maléfico da banca americana da qual considera que Obama se encontra prisioneiro e tem explicado porque razão o 'mercado' é incapaz de responder às necessidades do desenvolvimento.
Granjeou, nos últimos anos notoriedade e respeito mundiais. Mesmo não concordando com alguns dos fundamentos das suas perspectivas vale a pena conhecer o pensamento e as posições defendidas por Stiglitz.



Stiglitz analisa a crise do euro para o jornal Le Monde
"A austeridade conduz ao desastre"
23-05-2010 jornal Le Monde
Entrevista conduzida por Virginie Malingre


Disse recentemente que o euro não teria futuro sem uma grande reforma. O que quis dizer com isso?
A Europa caminha na direcção errada. Ao adoptar a moeda única, os países membros da zona do euro renunciaram a dois instrumentos de política: as taxas de câmbio e as taxas de juro. Tinha que se encontrar alguma coisa que lhes permitisse adaptarem-se à conjuntura quando necessário. Tanto mais que Bruxelas não foi suficientemente longe na regulação dos mercados, achando que eles eram omnipotentes. Mas a União Europeia (UE) não previu nada nesse sentido. E agora quer um plano coordenado de austeridade. Se continuar nessa via, caminha para o desastre. Sabemos, desde a Grande Depressão dos anos 1930, que não é isto que se deve fazer.

Que deveria a Europa fazer?
Há várias possibilidades. Poderia, por exemplo, criar um fundo de solidariedade para a estabilidade, como criou um fundo de solidariedade para os novos membros. Esse fundo, que seria alimentado em tempos económicos mais favoráveis, permitiria ajudar os países com problemas quando estes surgissem. A Europa precisa de solidariedade, de empatia. Não de uma austeridade que vai fazer crescer o desemprego e causar depressão. Nos E.U., quando um Estado está em dificuldades, todos os outros se sentem envolvidos. Estamos todos no mesmo barco. Em primeiro lugar e antes de tudo, é a falta de solidariedade que ameaça a viabilidade do projecto europeu.

Defende uma espécie de federalismo?
Sim, de coesão. O problema é que os Estados-Membros não têm as mesmas convicções em termos de teoria económica. Nicolas Sarkozy fez bem em exercer pressão sobre (a chanceler alemã) Angela Merkel para a forçar a contribuir para a Grécia. Há muita gente na Alemanha a confiar totalmente nos mercados. Nessa lógica, os países que estão mal são os responsáveis por isso e devem desembaraçar-se sozinhos.

Não é o caso?
Não. O défice estrutural grego é inferior a 4%. É certo que o governo anterior, ajudado pela
Goldman Sachs, teve a sua parcela de responsabilidade. Mas foi em primeiro lugar a crise mundial, a conjuntura, que causou esta situação. Quanto à Espanha, era excedentária antes da crise e não pode ser acusada de falta de disciplina. Com certeza que devia ter sido mais prudente e teimpedido a formação da bolha imobiliária. Mas de certo modo foi o euro que a permitiu, proporcionando taxas de juros mais baixas do que aquelas a que Madrid teria acesso sem a moeda única. Hoje, estes países só podem sair da crise com a retoma do crescimento europeu. É por isso que devemos apoiar a economia através do investimento e não amarrando-a com planos de austeridade.

A queda do euro será então uma coisa boa?
É a melhor coisa que poderia acontecer à Europa. Vai beneficiar sobretudo a França e mais ainda a Alemanha. Mas a Grécia e a Espanha, para quem o turismo é uma importante fonte de receita, também serão beneficiárias.

No entanto, a senhora Merkel sabe que a solidariedade pode ser importante. Caso contrário, não teria havido reunificação alemã.
Sim. Mas, precisamente, foram precisos mais de dez anos para a Alemanha lidar com a reunificação. E, de certa forma, acho que os ex-alemães ocidentais sentem que já pagaram um preço elevado pela solidariedade europeia.

Acha que a viabilidade do euro está em risco?
Espero que não. É perfeitamente possível evitar o colapso da moeda única. Mas, se continuarmos assim, nada está excluído. Embora eu ache que o cenário mais provável é o da falta de pagamento. A taxa de desemprego dos jovens na Grécia aproxima-se dos 30%. Em Espanha, ultrapassa os 44%. Imagine a agitação social se o desemprego jovem alcançar os 50% ou 60%. Chegará um momento em que Atenas, Madrid ou Lisboa colocarão seriamente a questão de saber se lhes interessa continuar com o plano de austeridade que lhes foi imposto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e por Bruxelas. Ou se não preferem recuperar o controle da sua política monetária. Lembre-se do que aconteceu na Argentina. O peso estava ligado ao dólar por uma taxa de câmbio fixa. Pensava-se que Buenos Aires não iria quebrar esse vínculo, que o custo seria excessivo. Mas os argentinos fizeram-no, desvalorizaram o peso, foi o caos como se tinha previsto. Mas, no fim de contas, beneficiaram largamente. Nos últimos seis anos, a Argentina tem crescido a uma taxa de 8,5% ao ano. E hoje há muita gente que pensa que a Argentina fez bem
 



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