Aos olhos compete observar, à mente reflectir e ao que deles é propriedade agir em consciência.
Comemorados há dias os 100 anos da Republica cabe em cada um de nós, um pensamento único, próprio e partilhável. Ora se da República falamos não é difícil de lembrarmos o Ultimato Inglês de 1890. Não ousarei referir a medida da crise económica e financeira, senão centrar a observação na esfera político-social. Não se pretende de alguma forma conceder o equilibrado quotidiano às exigências politicas de uma direita descentrada e desviada do social, criando uma forma de estar ferida aos cidadãos, que mais tarde acusarão aqueles que agora se auto proclamam como a necessidade emergente e não assumirão responsabilidades, a não ser num momento de viragem que lhe seja contundente com objectivos egoístas que resultam do percurso da própria história.
Urge que seja desencadeado um reposicionamento sustentado. Se o denominarem de mudança estará correcto; se a designação for a da personalização participativa das políticas assume-se também a integração com a necessidade eminente.
Recordem-se os diálogos platónicos e caminhe-se pela investigação qualitativa, que se entende o perfeito encaixe da palavra grega kibernao (kiber + nao = governo da nau). Que modelo e que futuro sem uma adequada consciência do social sobre a ambição de poder e insustentada e manifesta intenção de governação de sistemas e de guerras?!
Esta é uma fase de transição. Difícil. Acredito que não será uma casta burocrática limitadora dos direitos, potenciadora do clientelismo político, criadora de rupturas ideológicas e cujas ideias contrastam negativamente com a persistente debilidade politica do momento que carece de presenças firmes e sérias, e não da intervenção que resulta do querer estar no poder.
Não será pela via deste clientelismo nem pela criação de relações entre elementos de uma classe social única que se quer implantar, que emergirá o crescimento do emprego, alterações nos serviços de saúde, desenvolvimento do sector primário, igualdade de oportunidades crescente, modelos de governabilidade alternativos e equilibrados. O equilíbrio político que uma esquerda unida possa conseguir, criará incentivos económicos e sociais que estimularão o ‘voltar a acreditar’ potenciador de dinâmicas adormecidas e participação perdida.
Afinal as tormentas que se atravessam não resultarão de uma crise da verdade, da ética e da confiança?
Os pontos críticos como o crescimento de um défice, de uma taxa, a desvalorização de um indicador, assentam na profundidade do Humano que gere dinheiros públicos, do Homem que tem intervenção política e do Ser cuja inteligência relacional pode ser potenciada em prol do bem comum? Todos nós?!
Fico por aqui, mas ciente de que a "grande crise é a tragédia de não querer lutar para a superar" (Einstein).
Ana Oliveira
Economista
Clube de Reflexão Política A Linha
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