Porém, a apoiar o caminho desejado pela direita têm estado os dois partidos à esquerda do PS que, irresponsavelmente, têm votado a par do PSD e CDS. Ontem mesmo, na AR, BE e PCP juntos numa inédita união de facto, fizeram passar a imagem de que a esquerda que se une é a deles, a radical, e a que não reúne essa capacidade é a do PS. A união dos dois partidos da esquerda fará sentido neste momento se for seu objectivo estruturar uma estratégia de apoio a um Governo de esquerda saído das próximas eleições. E se necessário até fazer parte de uma solução governativa. Esta poderá ser uma meta difícil, mas é possível e necessária para fazer frente às dificuldades para as quais Portugal foi arrastado. A isso obriga a racionalidade política que se espera de partidos que se apresentam com programas eleitorais sérios a eleições.
O PS está em Matosinhos, naquele que será o momento que marca o início da dura campanha eleitoral. Está em Matosinhos para dar a conhecer ao país a moção estratégica que, vencendo, será a base do programa de Governo dos socialistas. E, sem rodeios, a moção foi apresentada. As suas medidas estão lançadas sem medos, nem vergonhas, nem tacticismos eleitorais (à moda do PSD). Governar implica ter um programa e as bases do do PS estão aí. Sócrates, no discurso de abertura afirmou confiar "no julgamento dos portugueses" e assumiu que lutará "com alegria pela vitória do PS."
A vitória do PS será uma vitória da Esquerda contra um projecto de união alternativo (o dos mercados); o do PSD. Será uma vitória dos portugueses que não se resignam à fúria implacável daqueles que pretendem ser Governo ainda que sem mérito, sem programa eleitoral, sem medidas, sem rumo, sem estratégia e sem líder (ou liderança).
1 comentário:
Parabéns pelo artigo.
Lúcido e coerente.
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