
Em tempo de reflexão sobre política europeia, as questões económicas assumem um lugar de especial importância, desde logo, porque, como todos sabemos, vivemos uma crise profunda, cujos sinais aparentemente contrastantes, ainda não nos permitiram sair do natural estado psicológico de perplexidade, de tal modo que há até quem fale, não em uma crise, mas em diversas crises sucessivas.
Com efeito, verificámos, de forma praticamente inédita, a uma subida vertiginosa do preço do petróleo, seguir-se a sua queda imparável.
Na verdade, sou da opinião de que se trata de duas manifestações do mesmo problema estrutural, qual seja, o da dependência energética da Europa relativamente aos países da OPEP.
Com a crise do sub-prime dos Estados Unidos da América, verificou-se uma deslocação do investimento em activos de imobiliário para as matérias-primas, em particular e pela sua magnitude, para o petróleo.
A Europa, vulnerável, ao descontrole induzido pela especulação nos mercados financeiros reagiu através do seu Banco Central com uma política de choque, fazendo subir sistematicamente a sua taxa de juro de referência. Esta medida revelou-se eficaz, dada a dimensão da redução do consumo que gerou.
Entre dois males, o da recessão económica induzida pelo encarecimento do petróleo ou o que resulta da retracção por via do encarecimento do dinheiro, a Europa preferiu este último. Ou seja, passámos a viver com menos (petróleo), mas vivemos com aquilo que temos.
Aquela consideração que se faz muitas vezes a propósito do crédito, vale afinal, também para o chamado ouro negro: Efectivamente, temos vivido muito acima das nossas possibilidades. Tratando-se esta, de uma crise estrutural, a única e autêntica resposta que lhe pode ser dada é aquela que o Governo Português tem preconizado, com a autêntica revolução energética cujo esforço lidera, apostando nas energias renováveis, no carro eléctrico e na ferrovia, assim progressivamente nos libertando da dependência do exterior.
É este o exemplo que deverá ser seguido para sairmos da crise e é esta a derradeira e única via credível de esperança económica para nós, europeus.
Paulo C. Ferreira
Jurista
Membro fundador do Clube de Reflexão Política A Linha
1 comentário:
Bom post Paulo. A verdade é que o nosso estilo de vida tem um custo demasiado elevado, mas que podia ser substancialmente reduzido. Bastava que se mudasse a atitude com que encaramos, frequentemente, os recursos que nos são dados a gerir.
Vale a pena explorar este ponto que levantaste.
Um abraço
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