O LEGADO DE ABRIL NA HISTÓRIA DE UM PORTUGAL DEMOCRÁTICO

Vasco Lourenço e Alfredo Barroso - Num jantar que contou com mais de uma centena de pessoas, Vasco Lourenço e Alfredo Barroso partiram as suas memórias e evocaram os valores de Abril e o legado da "Revolução dos Cravos" na história de um Portugal democrático.

JOSÉ LUÍS JUDAS NO JANTAR DO CLUBE A LINHA

O Clube A Linha contou com a presença de José Luís Judas onde foi especificamente abordado o processo de concepção e execução da estratégia e do projecto que conduziu à vitória do Partido Socialista nas eleições autárquicas em Cascais, com o slogan "mudança tranquila".

VÍTOR RAMALHO NO CLUBE A LINHA

Vítor Ramalho, Presidente da Federação de Setúbal do PS, recordou a matriz genética do partido Socialista, debruçando-se especificamente sobre os desafios autárquicos com que o PS se vê confrontado no Distrito de Setúbal, apresentando a estratégia política seguida nas últimas eleições autárquicas, bem como o caminho que se está a trilhar naquele distrito.

OS DESAFIOS DO CRESCIMENTO ECONÓMICO

Vieira da Silva e Pedro Marques - Cascais acolheu José António Vieira da Silva e Pedro Marques para mais um debate promovido pelo Clube A Linha, onde os convidados partilharam com o auditório, a sua visão sobre os desafios que Portugal enfrenta em matéria de crescimento económico.

OS DESAFIOS AUTÁRQUICOS DE 2013: CONTRIBUTOS PARA A ACÇÃO POLÍTICA

José Junqueiro - Perante um auditório lotado, José Junqueiro sublinhou a importância das próximas eleições autárquicas para o Partido Socialista, onde se irão sentir pela primeira vez os efeitos da limitação de mandatos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Paulo Ferreira: Lacrimosa

Um artigo de opinião nasce por vezes de um assunto fortuito, simples o bastante para não passar de mero pormenor, mas importuno o suficiente para desencadear uma reflexão. Sucede que ontem recebi na minha caixa de correio electrónico um ficheiro power point, daqueles habituais que circulam por aí, versando a biografia e sobretudo, a morte do Rei de Portugal, D. Carlos I. O mail, sob o título "D. Carlos (Lacrimosa)” é composto de fotografias, música (de Mozart) e algum texto, terminando com a seguinte mensagem:
"Dois anos depois, a Maçonaria derrubava a Monarquia Constitucional e proclamava a República. Desde então ninguém perguntou aos portugueses em que regime queriam viver."

Pareceu-me bom ensejo para alguns comentários, quando faltam apenas 5 semanas para a entrada no ano das comemorações do centenário da República.

A propósito da pretensão ali implícita de realização de um referendo acerca do regime político, correspondente aliás a uma proposta amiúde formulada pelos defensores da causa monárquica, merecerá a pena recordar alguns factos:

1º - Não foi o regicídio de 1908 que instaurou a república. Efectivamente, em 1910, Portugal tinha um monarca reinante, D. Manuel II. Outro regicídio, o de D. João VI, que recentes provas forenses revelaram ter morrido envenenado, não levou à queda do regime, tal como o assassinato do Presidente Sidónio Pais não fez retornar à monarquia. O que provocou a mudança de regime foi o estado de degradação do país e a falta de credibilidade da monarquia para resolver os problemas com que o Portugal do início do séc. XX se defrontava.

2º - A realização do referendo de regime, que até parece soar bem à normal sensibilidade democrática, seria, porém, algo de praticamente inédito. Aliás, com excepção do exemplo habitualmente citado, da Austrália em 1999, tanto quanto consegui apurar nenhuma monarquia no poder se submeteu a tal prova de legitimidade. E convém salvar as devidas proporções: a implantação do partido monárquico em Portugal não tem termo de comparação com o peso político que o partido republicano Labor, actualmente no poder, alcançou na Austrália, sem falar em outros partidos como os Australian Democrats e os Australian Greens, também defensores do republicanismo.

Portugal é hoje uma república consolidada, onde vigoram a liberdade de expressão e o respeito pelas minorias. A comprová-lo, o respeito e a estima com que o pretendente ao trono, D. Duarte Nuno de Bragança tem contado por parte das instituições do Estado e do povo republicano.

A Monarquia portuguesa dispôs de uma existência de quase oito séculos. Possa também a República Portuguesa prosseguir por outros tantos, no sentido do seu aperfeiçoamento, extraindo as suas próprias lições da História e dando provas dos seus melhores méritos, que são os de todos os que devotam o seu amor à egrégia pátria lusitana.

Viva a República!
Viva Portugal!

3 comentários:

Pedro Lêdo disse...

Excelente!
Parabéns.
Pedro Lêdo

Anónimo disse...

caro cidadão e camarada Paulo Ferreira, um abraço desde já pelo teu artigo de opinião, excelente avivar de memórias, certo quem nem tudo em república, é perfeito, mas requer da humanidade, e neste caso da portuguesa, uma capacidade de servir esta mesma República, em vez de se servirem da República, os valores não são meros afrodisiacos para um discurso de ocasião, onde se espera aplausos e vivas, são algo bem mais contudentes na moral e na ética dos povos.Marco António da Raquel, socialista e Repúblicano, Português do 5 costados.

Helena Sacadura Cabral disse...

Penso que mais do que os regimes que nos regem, importa a forma como somos governados. Nasci na República e é com ela que vivo e convivo há anos.
No entanto, não deixo de reconhecer que há na Europa várias "monarquias constitucionais" que funcionam bem e convivem com regimes de esquerda sem qualquer problema. Limito-me a citar a vizinha Espanha.
Presidentes republicanos que mais parecem monarcas, também há. E nós já tivemos até uma pequena amostra. Nem preciso mencionar nome!
Basta que se avance para um sistema presidencialista e a diferença será muito ténue...
Assim, e enquanto não for vontade popular livremente manifestada, que
mudemos de regime, satisfaço~me com a República. O que não quer dizer que esteja sempre satisfeita com a forma como temos sido conduzidos. Mas essa é outra história!